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"NO CANTO ROSA"
por CLÁUDIA RITA OLIVEIRA
Documentário, HD, 76’, 2022
Cast: FRANCISCA RITA; Realização: CLÁUDIA RITA OLIVEIRA
Voice RAUL ATALAIA;
Special participation: LAWYER INÊS ROGEIRO
Pesquisa e argumento: CLÁUDIA RITA OLIVEIRA/VASCO MONTEIRO
Câmara, som, montagem: CLÁUDIA RITA OLIVEIRA
Apoio à direcção de voz: ANA TERESA SANTOS
Assistência de realização: CAROLINA R.V. CURVELO / TILA CAPPELLETTO
Gravação em estúdio: DANIEL CAMALHÃO @ GREEPEAK STUDIO
Montagem de som e Misturas: ELSA FERREIRA
Música: NOISERV / ANTÓNIO-PEDRO / TERESA CASTRO@CALCUTÁ
Correcção de cor: CONCHA SILVEIRA
Cartaz: ELENA SANMIGUEL URBINA
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IMPRENSA
A separação de FRANCISCA e do ex-companheiro foi o gatilho para este dar início a um ciclo de perseguições, assédio e ameaças. As ameaças prolongam-se a CLÁUDIA, filha de FRANCISCA, que questiona a natureza deste comportamento como resultante de um sistema patriarcal. Como Simone de Beauvoir referiu: “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher”. O filme questiona a impotência da mulher sentada “No canto rosa” enquanto vítima de um agressor e de um sistema jurídico desadequado. O filme questiona a impotência da mulher sentada “No canto rosa” enquanto vítima de um agressor e de um sistema patriarcal. Como Simone de Beauvoir referiu: “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher”.
“No canto rosa” é um filme pessoal, íntimo, referente ao que a minha mãe viveu durante um processo de violência doméstica. Registei o que foi acontecendo como quem regista uma prova. Gradualmente, esta observação sobre os comportamentos do agressor e da vítima, tornou-se uma observação sobre a perpetuação destes papéis - pela ineficácia do sistema onde ambos se inserem. O pessoal é político.
O filme tem por base uma entrevista a Francisca (nome fictício). Esta opção formal, coloca o indivíduo do sexo feminino subjugado a essa ideia “rosa” de ser mulher. Da entrevista emergem outras linhas narrativas relacionadas com a biografia de Francisca e com o papel da mulher na sociedade portuguesa, antes e depois do 25 de abril.
O recurso a arquivos de família, alguns deles com quase 30 anos, pretende evidenciar o comportamento de Francisca que, por um lado, tenta romper com o lugar que lhe é imposto socialmente mas, por outro, ocupa esse mesmo lugar de mulher cuidadora e conciliadora.
O uso pontual de dispositivos comuns nos media em casos de violência doméstica, como omissão de rosto ou voz, é feito de uma forma ostensiva, como metalinguagem. A omissão dos traços identitários, seja do rosto, seja da voz, seja da própria narrativa, aporta esse sentido de ausência de identidade.
Apesar do filme terminar com a sentença do indivíduo, a resolução de “No canto rosa” não depende da justiça nem de fatores exteriores. Não só o sistema é permeável ao aparecimento de mais casos, como a regeneração de Francisca nunca será efetiva. A regeneração do “eu” desta mulher, como de outras, requere um longo e introspetivo percurso para que possa (re)encontrar a sua voz e identidade própria enquanto indivíduo do sexo feminino no contexto social do qual faz parte.
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