"NO CANTO ROSA"

por CLÁUDIA RITA OLIVEIRA

Documentário, HD, 76’, 2022

Cast: FRANCISCA RITA;
Voice RAUL ATALAIA;
Special participation: LAWYER INÊS ROGEIRO

Realização: CLÁUDIA RITA OLIVEIRA
Pesquisa e argumento: CLÁUDIA RITA OLIVEIRA/VASCO MONTEIRO
Câmara, som, montagem: CLÁUDIA RITA OLIVEIRA
Apoio à direcção de voz: ANA TERESA SANTOS
Assistência de realização: CAROLINA R.V. CURVELO / TILA CAPPELLETTO
Gravação em estúdio: DANIEL CAMALHÃO @ GREEPEAK STUDIO
Montagem de som e Misturas: ELSA FERREIRA
Música: NOISERV / ANTÓNIO-PEDRO / TERESA CASTRO@CALCUTÁ
Correcção de cor: CONCHA SILVEIRA
Cartaz: ELENA SANMIGUEL URBINA

FESTIVAIS

  • FESTin 2022, Lisbon – Dezembro 2022
  • The Newsfest – True Stories International Film And Writers’ Festival USA, 2022 – Melhor Filme Estrangeiro > 50’
  • Mediterranean Film Festival Cannes-Milan-Athens, 2022
  • Berlin FFI – film fest international
  • Manchester Lift-Off Film Festival, Março 2023
  • Porto Femme - International Film Festival, Abril 2023
  • Festival de Cinema na Casa – New Directors, Lisboa – june 2023 – Prémio do Júri
  • - LULEA – International Film Festival Sweden - Agosto 2023
  • Olhares do Mediterrâneo 2023, Lisboa programação paralela - Outubro 2023
  • Caminhos do Cinema Português 2023 - Novembro 2023

OUTRAS EXIBIÇÕES

  • Instituto Politécnico de Setúbal -Aula Aberta, Maio 2023
  • Congressum Internacional Speculum − Univ. Beira Interior, Covilhã 2023
  • Um Teatro em cada Bairro – Câmara Municipal de Lisboa – Novembro 2023
  • Universidade do Algarve – Aula Aberta com projecção de filme “No canto rosa” e conversa sobre criatividade

IMPRENSA

A separação de FRANCISCA e do ex-companheiro foi o gatilho para este dar início a um ciclo de perseguições, assédio e ameaças. As ameaças prolongam-se a CLÁUDIA, filha de FRANCISCA, que questiona a natureza deste comportamento como resultante de um sistema patriarcal. Como Simone de Beauvoir referiu: “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher”. O filme questiona a impotência da mulher sentada “No canto rosa” enquanto vítima de um agressor e de um sistema jurídico desadequado.

O filme questiona a impotência da mulher sentada “No canto rosa” enquanto vítima de um agressor e de um sistema patriarcal. Como Simone de Beauvoir referiu: “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher”. “No canto rosa” é um filme pessoal, íntimo, referente ao que a minha mãe viveu durante um processo de violência doméstica. Registei o que foi acontecendo como quem regista uma prova. Gradualmente, esta observação sobre os comportamentos do agressor e da vítima, tornou-se uma observação sobre a perpetuação destes papéis - pela ineficácia do sistema onde ambos se inserem. O pessoal é político. O filme tem por base uma entrevista a Francisca (nome fictício). Esta opção formal, coloca o indivíduo do sexo feminino subjugado a essa ideia “rosa” de ser mulher. Da entrevista emergem outras linhas narrativas relacionadas com a biografia de Francisca e com o papel da mulher na sociedade portuguesa, antes e depois do 25 de abril. O recurso a arquivos de família, alguns deles com quase 30 anos, pretende evidenciar o comportamento de Francisca que, por um lado, tenta romper com o lugar que lhe é imposto socialmente mas, por outro, ocupa esse mesmo lugar de mulher cuidadora e conciliadora. O uso pontual de dispositivos comuns nos media em casos de violência doméstica, como omissão de rosto ou voz, é feito de uma forma ostensiva, como metalinguagem. A omissão dos traços identitários, seja do rosto, seja da voz, seja da própria narrativa, aporta esse sentido de ausência de identidade. Apesar do filme terminar com a sentença do indivíduo, a resolução de “No canto rosa” não depende da justiça nem de fatores exteriores. Não só o sistema é permeável ao aparecimento de mais casos, como a regeneração de Francisca nunca será efetiva. A regeneração do “eu” desta mulher, como de outras, requere um longo e introspetivo percurso para que possa (re)encontrar a sua voz e identidade própria enquanto indivíduo do sexo feminino no contexto social do qual faz parte.